70 anos do retorno de Israel

Hoje estamos prestes a ver as profecias se cumprirem bem diante dos nossos olhos.

FONTE: SHOFAR POST

ATUALIZADO: 30 de março de 2018

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A notícia havia se espalhado rapidamente. Ela chegou como brisa fresca que traz refrigério numa manhã de verão. Como água fria para a alma cansada, tais são as boas novas de terra remota (Pv 25.25). Essa palavra estava se cumprindo para eles. Indicava a possibilidade de haver o retorno para casa. Todos se sentiam em terras longínquas, esquecidos no tempo, despatriados, escondidos nos bastidores da História.

Em vista dos últimos acontecimentos, os rabis reuniram rapidamente as famílias e anunciaram que o retorno ocorreria imediatamente. O sonho de longos anos, regado por orações e lágrimas, finalmente se realizaria. Aquela notícia era a confirmação do cumprimento da profecia dada pelos santos profetas.

Portanto, eis que dias vêm, diz o Senhor, em que não se dirá mais: vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito; mas sim: vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do Norte e de todas as terras para onde os tinha lançado; porque eu os farei voltar à sua terra, que dei a seus pais. (Jr 16.14-16).

O coração de todos encheu-se de esperança por pisar novamente em Sião. Rever Jerusalém, a cidade do grande Rei Davi. Tocar as águas do Jordão. Sentir o orvalho do Hermon. Comer tâmaras colhidas do pé, nas campinas de Saron. Passear de barco com a família no mar da Galiléia ou simplesmente sentir-se em casa novamente. Este era o profundo anseio daquela gente que, segundo se conta, vivia exilada no Iêmen desde a época do rei Salomão. Fontes fidedignas confirmam a continuidade deles naquele país desde os primeiros séculos do Cristianismo.

Apesar de o ano ser 1950, ninguém nunca havia visto sequer um automóvel, um trem de ferro, um avião, televisão ou qualquer inven­to moderno. O automóvel já existia desde 1885, inventado por Karl Friedrich Benz e Gottlieb Wilhlm Daimler. O primeiro carro movido a gasolina foi construído pelo americano Henry Ford em 1893, e o avião em 1906. Nem mesmo a lâmpada, que é considerada a maior invenção de todos os tempos, feita por Thomas Edison em 21 de outubro de 1879, era conhecida deles. Não havia, portanto, luz elétrica em suas casas; apenas a luz da candeia que era alimentada com azeite. Toda a cultura desse povo consistia em saber de cor o Antigo Testamento.

Os rabis sabiam que, enquanto permanecessem no Iêmen, esses israelitas continuariam a sofrer todo o tipo de opressão. Em 1846, eles foram obrigados a limpar os esgotos da cidade de Sana. Em 1921, foi expedido um decreto que determinava a conversão dos órfãos judeus ao islamismo. Como se isto não bastasse, não podiam vestir roupas finas nem usar meias; era-lhes proibido possuir armas e estudar a Torá fora da Sinagoga.

Conseguir ganhar a vida como ourives, tecelões, ferreiros, marceneiros e mascates, já era um milagre. Em lugar algum, durante todo o exílio do povo judeu, as antigas tradições haviam sido preserva­das tão fielmente como entre eles. A notícia que os estava mobilizando para o êxodo era de que o Estado de Israel já existia desde 1948. Agora, já fazem 70 anos.

A instauração do Estado de Israel se deu por decisão da ONU, e é um marco no cumprimento das profecias. A Escritura traz uma significativa promessa feita por Deus a Abraão:

Porque toda esta terra que vês te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre (Gn 13.15).

Agora, eles poderiam retornar à Terra Santa e ver o cumprimento desta promessa feita ao seu povo. Em Jeremias 31.35-37, a Escritura traz a seguinte declaração a Israel:

Assim diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; Senhor dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre.

Era chegada a hora dos israelitas do Iêmen serem agregados aos demais que estavam retornando de todos os cantos da Terra. Este era o tempo profético. Após a Segunda Guerra Mundial, milhares de outros judeus iemenitas queriam migrar para a Palestina, mas o domínio dos britânicos na região ainda estava em vigor, e aqueles que deixassem o Iêmen acabariam mortos nas montanhas ou na cidade de Áden, na fronteira, onde revoltas graves aconteceram em 1947, depois que as Nações Unidas decidiram por partir. Muitos judeus foram mortos e o bairro judeu foi completamente incendiado.

Muçulmanos revoltados com a decisão da ONU deram início a uma sangrenta perseguição em Áden, que matou 82 judeus e destruiu centenas de casas judias. A comunidade judaica nesta cidade, que contava com 8 mil judeus em 1948, foi forçada a fugir. Apenas em setembro de 1948, as autoridades britânicas em Áden permitiram que os refugiados fossem para Israel. Até 1959, mais de 3 mil já haviam chegado a Israel. Muitos fugiram para os Estados Unidos e Inglaterra.

Na mesma época da fundação de Israel, a comunidade judaica no Iêmen estava economicamente paralisada, já que a maioria das lojas e negócios judaicos fora destruída. Essa situação ficava cada vez pior. Com o retorno, então, esses judeus fiéis às suas raízes, tornariam a ser uma nação diante dos outros povos da Terra novamente. Era chegada a hora de voltar a Sião.

Atravessando desertos e montanhas

O profeta Ezequiel diz:

Portanto, assim diz o Senhor Deus: Agora, tornarei a trazer os cativos de Jacó (…). Então saberão que eu sou o Senhor, seu Deus, vendo que os fiz ir em cativeiro entre as nações e os tornei a ajuntar para voltarem à sua terra, e nenhum deles excluí (Ez 39.25, 28).

Quem pode deter o cumprimento da profecia? Ela é como uma flecha, o arco é o profeta, mas o arqueiro é o próprio Deus. Em Jr 1.12, o Eterno diz:

Eu velo sobre a minha palavra, para a cumprir.

Em Is 55.10-11, Ele declara:

Assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não torna, mas rega a terra, e a faz produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: Ela não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.

Sendo assim, nada poderia se interpor no caminho de volta.

A distância do Iêmen, na Arábia, até o porto de Áden, já nas terras da Palestina, era de 1.500 quilômetros. O único meio de chegar até lá seria a pé. E as crianças, as viúvas, os anciãos? E as mulheres grávidas? Os doentes? Eram mais de 40 mil  israelitas. Como conduzi-los, sem que houvesse perda alguma? Como eles sobreviveriam num percurso tão difícil?

Para eles, caminhar através daqueles desertos e montanhas seria um desafio quase insuperável. Além do sol escaldante que fazia durante o dia e da queda brusca de temperatura chegando a 5ºC durante a noite, o deserto naquela região era extremamente inóspito e cheio de armadilhas. As montanhas constituíam um obstáculo ainda mais difícil de ser superado. Elas reservavam perigos por trás de cada rocha. As pedras e os arbustos escondiam os chacais e as traiçoeiras serpentes, que aguardavam silenciosamente para surpreender suas presas e atacá-las de forma rápida e fatal. Sem falar dos riscos de quedas, lacerações devido às escarpas espalhadas ao longo do caminho. No inverno, a temperatura descia ainda mais, especialmente nos lugares onde deveriam passar. A decisão foi unânime.

A Aliá, nome dado ao retorno dos judeus de volta a Israel, teve início e transcorreu entre junho de 1949 e setembro de 1950. Aqueles que seguiram no verão, enfrentaram a dura falta de água e os dias quentes que afligiam impiedosamente, em particular, os pequeninos e os idosos. Abrão de Almeida relata que “no caminho ouviam-se as crianças gritar por água, umas tropeçando, outras caindo, mas podiam-se ouvir também os rabis que, em tom vibrante e estranho, diziam: ‘Dai mais um pas­so, filhinhos! Nós vamos a caminho da pátria para encontrar o Messias’”.

Para aqueles que tiveram que enfrentar o inverno, as noites foram mais duras. O frio canalizado pelas frestas das rochas atingiam em cheio a face, castigando duramente os peregrinos. Quando se ouvia o  zunido cortante do vento anunciando a chegada de mais uma onda fria e implacável, o melhor era tentar se proteger de todas as formas possíveis. A maioria, por ser pobre e desprotegida, não tinha condições adequadas para aquele confronto com o lado hostil da natureza. Dificilmente eles punham um pé à frente do outro, mas, mesmo tropeçando, prosseguiam.

O grande desafio era chegar a Áden com segurança. Apesar de Áden ainda ficar no Iêmen, a 170 quilômetros a leste do estreito de Bad-el-Mandeb, era ali que os judeus encontrariam a porta de escape. A esperança de uma nova vida em Canaã, alimentava o coração daquela multidão que se mantivera fiel ao seu Deus por séculos. Os perigos que envolviam o longo percurso dos exilados até o seu país de origem, levaram o governo de Israel a envolver-se oficialmente no êxodo. Assim, foi lançada a conhecida Operação nas Asas de Águias. Esse título foi inspirado em Êx 19.1, que diz:

Vocês mesmos viram o que eu fiz no Egito, e como eu os carreguei em asas de águias e os trouxe até mim.

Is 40.31 declara:

Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças. Subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão, caminharão e não se fatigarão.

Ficou decidido, então, que o resgate desses judeus se daria via aérea, nas “asas das águias”. Os aviões os transportariam do porto de Áden até Israel. Eles decolariam da base em Asmara, na Eritreia, iam até Áden, levavam os judeus até Israel, e depois passavam a noite no Chipre. 28 pilotos realizariam 450 voos secretos comandados por Robert Maguire, o piloto-chefe. Os vôos, através de mais de 2 mil quilômetros que separavam o Iêmen de Israel, eram mantidos em segredo para evitar sabotagem.

Havia inúmeros obstáculos, entre os quais o ataque das forças egípcias aos aviões e a escassez de combustível. Antes de partir, os pilotos eram avisados de que, se fossem forçados a aterrissar em território inimigo, passageiros e tripulantes corriam o risco de ser executados. É preciso entender que estava havendo uma espécie de ruptura política em várias partes do mundo, inclusive na Palestina.

Paul Johnson (2005), em seu livro História dos Judeus, explica que, enquanto David Ben-Gurion lia o texto da Declaração de Independência do Estado de Israel, em maio de 1948, e a multidão festejava a realização de um sonho há muito acalentado, o governo já se preparava para a guerra. No dia seguinte, logo após a saída dos ingleses de Eretz Israel, os exércitos regulares do Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque invadiram o país. Johnson explica que, por causa da guerra emergente, de 15 de maio de 1948 ao final de 1967, a grande maioria dos judeus teve de se refugiar em Israel.

Eles vinham de diversas partes do mundo árabe: 252.642 vindos do Marrocos, 13.118 da Argélia, 46.255 da Tunísia, 34.265 da Líbia, 37.867 do Egito, 4.001 do Líbano, 4.500 da Síria, 3.912 de Áden, 124.647 do Iraque e, mais precisamente, 46.447 do Iêmen, somando um total de 567.654 judeus. No Iêmen, em particular, a situação estava bastante complicada. Desde a votação da partilha da Palestina pelas Nações Unidas, em 1947, a situação dos judeus se vinha deteriorando. Mas as circunstâncias históricas não interferem na agenda profética. Os eventos históricos estão sujeitos à profecia, que executa decretos do céu para a Terra.

Levados à Terra da Promessa através dos ares

A esperança de pisarem na Terra Santa aumentou ainda mais quando os judeus, enfim, chegaram a Áden. Eles foram conduzidos imediatamente para o lugar de embarque. Por não saberem da existência do avião, no entanto, algo absolutamente inusitado aconteceu. Quando os judeus viram as aeronaves chegando como “grande aves” entre as nuvens do céu para buscá-los e levá-los pelos ares à Terra Prometida, eles se recusaram a partir. Então, os seus rabis leram a profecia de Is 60.8 acerca do futuro retorno dos filhos de Israel, que diz:

Quem são estes que vêm voando como nuvens, e como pombas às suas janelas?

Os rabis mostraram que Deus os levaria à sua pátria em asas de águias. Com esta incrível revelação profética, os judeus iemenitas embarcaram nos aviões, sem qualquer receio. Foram 450 voos realizados em segredo. Por que a profecia diz como pombos às janelas? É simples: assim como fazem os pombos, quando a pessoa viaja de avião, ela pode ser vista nas janelas. Se a Escritura se cumpriu na íntegra, com detalhes surpreendentes, significa que hoje, 70 anos após a formação do Estado de Israel, estamos prestes a ver se cumprir bem diante nos nossos olhos, profecias extraordinárias em nossa própria história. Você está dentro de um tempo profético.

Pr. Édino Melo

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