A destruição do bezerro de ouro: as consequências pela idolatria

A imagem trágica do bezerro de ouro sendo adorado pelo povo causou a quebra das tábuas da Lei e trouxe maldição sobre Israel.

FONTE: SHOFAR POST

ATUALIZADO: 5 de julho de 2018

Bezerro de ouro

“Todos seus perseguidores alcançaram-na dentro dos apertos, diz Jeremias em suas lamentações por conta do “tempode trevas” que se abateu sobre Israel (Lamentações 1.3). A expressão “dentro dos apertos”, segundo os estudiosos, refere-se as três semanas do calendário judaico, que é de 17 de tamuz a 9 de av, que no calendário gregoriano inicia hoje, 30 de junho, neste ano.

Esse período conhecido como “tempo de trevas”, é marcado por acontecimentos trágicos que sobrevieram contra o povo hebreu. Tratamos ontem sobre o início destes acontecimentos, com a fundição de um “bezerro de ouro” pelo povo israelense, após terem formado uma aliança com o Senhor.

Quando Moisés, que havia passado quarenta dias e quarenta noites diante de Deus, volta ao arraial e se depara com a imagem trágica do bezerro sendo adorado como um deus, ele fica irado e joga as tábuas da Lei no chão, que se quebrou em vários pedaços. Moisés não suportou ver o nível que o povo havia descido.

A promessa do Senhor de fazer do povo “reino de sacerdotes e nação santa” (Êxodo 19.6), só seria possível se eles observassem todos os estatutos que foram entregues por Deus. “Tudo o que o Senhor tem falado, faremos”, haviam prometido o povo (Êxodo 19.8). Mas logo na primeira oportunidade eles se desviaram, quebrando a aliança.

O povo disse a Arão: “Faze-nos deuses que irão adiante de nós, porque a este Moisés, o homem que nos fez subir da terra do Egito – não sabemoso que lhe aconteceu” (Êxodo 32.23). E Arão, que representa o tipo de líder que cede a pressão do povo, logo atende ao pedido, levantando ofertas para a fundição do bezerro dourado.

A justa ira que tomou o coração de Moisés, por conta da cena trágica de idolatria e festa ao bezerro de ouro, resultou no esfacelamento da tábuas, que continham a Lei do Senhor, que primeiro já haviam sido quebradas no coração do povo. Ou seja, de nada adiantar carregarmos a Bíblia, a Palavra de Deus, se não observarmos as doutrinas que nela contém.

Moisés sabia que por mais irado que ele estivesse, sua ira era justa, pois era contra o pecado. Irar-se contra o pecado é uma prova de que o nosso coração ainda está voltado para o Senhor. Conheço muitos líderes que já estão acostumados com o pecado, não sentem mais ira contra aquelas práticas que desagradam a Deus.

Mas o pecado sempre traz consigo consequências trágicas. Moisés lançou as tábuas da Lei no chão, que se quebraram, lançou o bezerro de ouro no fogo e mandou punir todos os idólatras, mas aquele acontecimento abriu uma porta de maldição contra Israel. Desde quando aconteceu o trágico episódio, a data passou a simbolizar um tempo de apertos.

Nesta data, segundo a tradição judaica, cinco eventos trágicos marcaram a história judaica. O Talmude (coletânea de livros dos judeus) reúne comentários sobre estes acontecimentos que abalaram a história dos hebreus e que, por isso, um jejum é observado neste dia.

O primeiro acontecimento é a quebra da Lei, quarenta dias após ter sido outorgada pelo Senhor no cume do Sinai. Ao descer do monte, como já comentei, Moisés presencia o bezerro de ouro sendo adorado e indignado joga no chão as tábuas com os Dez Mandamentos.

O segundo acontecimento, segundo a tradição judaica, é que o serviço do Templo foi interrompido, três semanas antes da destruição do Primeiro Templo, que fora construído por Salomão e destruído pelos babilônios posteriormente.

Também aconteceu, nesta mesma data, à ruptura das muralhas de Jerusalém, quando os romanos conquistaram a cidade. As outras três tragédias nacionais são ligadas a este acontecimento, pois os romanos destruíram Jerusalém, derrubaram o Segundo Templo e o general romano Apostomus queimou a Torá e, colocou um ídolo no Templo Sagrado.

Já no dia 18 de tamuz, que neste ano corresponde a 1 de julho, Moisés se apresentou diante do Senhor para interceder pelo povo. A Bíblia diz que: “No dia seguinte Moisés disse ao povo: Vocês cometeram um grande pecado. Mas eu vou voltar à montanha, ter com o Senhor; talvez consiga obter-vos o seu perdão” (Êxodo 32.30).

Moisés volta a estar diante do Senhor para interceder pelo povo, mostrando novamente a sua intimidade e o seu amor como líder, pois em seu diálogo com o Eterno, ele chega a dizer para Deus riscar o seu nome do livro, caso não fosse possível perdoar o povo. Deus então diz a Moisés: “É aquele que pecar contra mim que será riscado do meu livro” (Êxodo 32.33).

Por causa da intercessão de Moisés, o Senhor retoma a aliança que havia feito com os hebreus, orientando em seguida para que o povo fosse conduzido até a Terra Prometida.

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