A Guerra na Síria, as profecias bíblicas e o papel do cristão

As guerras e conflitos que vemos pelo mundo são resultado de uma busca constante de poder.

FONTE: SHOFAR POST

ATUALIZADO: 14 de março de 2018

Guerra na Síria

Desde 2011, a Síria vive uma guerra que já deixou centenas de milhares de mortos e milhões de desabrigados. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) cerca de 511 mil pessoas perderam suas vidas desde o início do conflito, há sete anos. Uma guerra com resultados catastróficos, mas que o mundo insiste em ignorar.

A guerra na Síria envolve forças antagônicas, sendo o governo de um lado e grupos rebeldes formados por milícias islâmicas que recebem apoio de diferentes países muçulmanos de outro. Bashar al-Assad é o governante que tenta se manter no poder diante da crescente onda de insatisfação levantada por rebeldes islâmicos.

O atual presidente da Síria sucedeu seu pai, Hafez, em 2000, mesmo sendo considerado mais fraco politicamente. Com a má gestão do país, Assad passou a receber críticas da população, que saiu às ruas em manifestações contra o governo, mas que foi reprimida com muita violência.

As tensões elevadas fizeram com que as manifestações contra o governo sírio aumentasse, fazendo com que a violência se generalizasse. Centenas de pessoas passaram a sair às ruas pedindo que o presidente sírio deixasse o poder, mas Bashar al-Assad resistiu e usou as forças de segurança para tentar reprimir os manifestantes.

O fato é que estes acontecimentos permitiram que outros países do Oriente entrassem no conflito com o objetivo de fazer da Síria um país muçulmano. Países considerados muçulmanos armaram milícias islâmicas com a missão de derrubar o governo de Damasco. Isso levou ao resultado que temos hoje, milhões de desabrigados e milhares de mortos.

Caros leitores, as guerras e conflitos que vemos pelo mundo, especialmente esta guerra na Síria, são resultado de uma busca constante de poder. As guerras motivadas por questões financeiras e políticas só causam dor e sofrimento para a população. Vale dizer: estes resultados não agradam a Deus, mas Satanás que veio para matar, roubar e destruir.

Como está escrito na Palavra de Deus: “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas” (João 10.10-13).

Começo por esta questão. Pois tenho visto muito cristãos fazendo comentários pouco pertinentes sobre a guerra naquele país. Alguns chegam a usar profecias bíblicas em tom de comemoração, mas ainda que todos os conflitos estejam dentro da vontade permissiva de Deus, não creio que Deus se agrade deles.

Os cristãos devem orar pela paz no mundo e não pela guerra, pois a própria Palavra de Deus afirma que o Senhor não sente prazer na morte do ímpio (Ezequiel 33.11). Crianças sendo mortas e famílias sendo destruídas são algo que agrada somente a Satanás. Somente o inimigo de nossas almas se agrada de ver tanta dor e sofrimento.

A outra questão é em relação ao cumprimento das profecias bíblicas. É evidente que a Palavra de Deus irá se cumprir e que devemos “exultar” por isso, pois significa que está muito perto a nossa redenção (Lucas 21.28). Porém, não significa que devemos comemorar as mortes e sofrimentos alheios.

Quando o cristão age desta maneira diante de algo tão sério, ele está desprezando a vida daqueles que poderiam estar sendo alcançados para o Senhor Jesus. Condeno veementemente a forma como alguns cristãos tem se comportado em relação a este tema. Isso demonstra uma falta de amor e humanidade para com o próximo.

Entre as coisas que estão sendo compartilhadas, estão supostas profecias bíblicas que demonstrariam a atuação Divina na trágica guerra da Síria. Mas quem compartilha este tipo de conteúdo não está realmente interessado em estudar a Palavra de Deus, pois sequer entendeu o contexto destas profecias.

Como é o caso da profecia de Isaías 17, que diz: “Peso de Damasco. Eis que Damasco será tirada, e já não será cidade, antes será um montão de ruínas. As cidades de Aroer serão abandonadas; hão de ser para os rebanhos que se deitarão sem que alguém os espante. E a fortaleza de Efraim cessará, como também o reino de Damasco e o restante da Síria; serão como a glória dos filhos de Israel, diz o SENHOR dos Exércitos”.

Nesta profecia, o profeta está alertando sobre a eminente justiça de Deus contra o Reino do Norte (Israel) com a Síria, que haviam feito aliança contra o Reino do Sul (Judá). A ameaça contra essa aliança havia sido proferida no capítulo 8 de Isaías.

“E fui ter com a profetiza, e ela concebeu, e deu à luz um filho; e o SENHOR me disse: Põe-lhe o nome de Maer-Salal-Has-Baz. Porque antes que o menino saiba dizer meu pai, ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria“. (Isaías 8.3-4)

Essa profecia se cumpriria décadas depois, quando Deus levantou a Assíria para punir o Reino do Norte por conta da aliança com a Síria. Isso está relatado em 2 Reis 17.5-18, quando a Bíblia aponta que Deus levantou a Assíria contra o Reino do Norte e sua aliada Síria.

Portanto, caros leitores, devemos ter muita responsabilidade ao compartilhar versículos bíblicos para “justificar” a barbárie humana. Como salvos em Jesus devemos desejar o melhor para as pessoas, amar o próximo como a nós mesmos (Mateus 12.33) e buscar maneiras de remediar conflitos.

Concluo este artigo pedindo para que cada um busque orar pelas nações, clamando pela misericórdia de Deus e buscando formas de ajudar aqueles que estão sofrendo por conta destas guerras. Essa pode ser a oportunidade de mostrarmos o amor de Deus, agindo como Jesus Cristo agiria.

Joel Engel

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